Há alguns anos atrás,
na época da maratona de vestibulares, vivi uma experiência no mínimo curiosa.
Era um daqueles vestibulares seriados, que se presta no final de cada um dos
três anos do Ensino Médio. Já se tratava da última fase – a decisiva – e era
para um curso bastante concorrido de uma universidade muito renomada.
Entrei na sala,
procurei minha carteira. Havia uma etiqueta com o meu nome completo e o curso
para o qual eu estava pleiteando uma vaga. O rapaz ao meu lado – que por sinal
era meu xará – também estava prestando para o mesmo curso que eu. Já o rapaz
sentado na minha frente queria outra carreira, mas havia estudado junto com o
que estava ao meu lado.
– E aí, foi bem nas
etapas anteriores?
– Ah, melhor não comentar,
né. Tem um concorrente aqui do meu lado... – respondeu meu xará à pergunta de
seu colega.
Durante as três ou
quatro horas de duração da prova, o rapaz soltava frases como “que fácil!”,
“nossa, que pergunta besta”, “já passei”, bem baixinho, para os fiscais não
reclamarem, mas em volume suficiente para que eu pudesse ouvir. Além disso, de
quando em quando fazia algum movimento com o braço, representando que estava
indo bem, que estava fácil. Tudo para tentar me desestabilizar
psicologicamente. Tentativas para, de alguma maneira, fazer com que eu ficasse
com “medo” dele, que não me sentisse capaz, enfim, para “garantir” que ele iria
melhor na prova e que uma das vagas fosse dele (como se o fato de ele querer
uma das vagas tivesse como consequência necessária que nenhuma das outras pudesse ser minha).
“Que tolo”, constatei.
Quando eu havia visto que ele prestava a mesma carreira, tinha pensado: “que
legal! Pode ser que sejamos futuros colegas de classe!!”.
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