quarta-feira, 3 de abril de 2013

Uma pitada de cultura erudita: Heitor Villa-Lobos





Sempre com seus charutos, Heitor Villa-Lobos, que viveu 72 anos, é considerado um dos compositores mais importantes do Brasil, principalmente por seu caráter inovador, vanguardista. Ele teve a coragem de criar uma música clássica genuinamente brasileira e de passar para a partitura músicas populares e folclóricas do Brasil. Fez isso em uma época em que só os grandes clássicos eram bem aceitos pela elite/frequentadores dos concertos (a esses Villa-Lobos chamava de "público", diferenciando-os do "povo" e ainda da "massa", como se pode ver no filme “Villa-Lobos – Uma Vida de Paixão”, do diretor Zelito Viana).

“Ele não se media pela régua europeia, como faziam desde o século XIX os compositores das Américas”, escreveu Roberto Minczuk sobre Heitor Villa-Lobos, na coleção Grandes Compositores da Música Clássica, da Abril editoras.

Há dois episódios da vida de Villa que são bem interessantes. O primeiro é sobre a lenda de que ele “viajou pela Amazônia, navegou pelo rio Amazonas, naufragou, foi feito prisioneiro pelos índios, que só o soltaram depois que ele lhes mostrou algumas gravações de suas músicas”. Trata-se puramente de lenda segundo Minczuk. Mas o magnífico é que, desta aventura, mesmo que onírica, resultou a sensacional música “A dança do índio branco”.

O outro episódio é sobre sua participação na Semana de Arte Moderna. Nas três vezes em que subiu ao palco na Semana, Villa-Lobos vestia black-tie, sapato social em um dos pés e chinelo no outro. Usava, ainda, um guarda-chuva, que lhe servia de bengala. O público interpretou seu modo de estar vestido como uma atitude de desrespeito, vaiando-o impiedosamente. Entretanto, mais tarde o compositor explicou que estava de chinelo em um dos pés simplesmente por estar com feridas nele, sendo necessário, devido a isso, o uso de um calçado aberto.

Villa-Lobos fez um projeto de educação musical, um sonho seu, que foi realizado durante o Estado-Novo de Getúlio Vargas. O ápice desse projeto foi a reunião de um coral com 40 mil vozes em um estádio de futebol do Rio de Janeiro. Além disso, enquanto ocupou o cargo de diretor do Serviço Técnico e Administrativo de Música e Canto Orfeônico, a partir de 1932, formou muitos professores de canto, para que esses despertassem nas crianças o gosto pela boa música.

Entre suas músicas mais famosas estão as “Bachianas” e os “Choros”. Villa considerava Johann Sebastian Bach como a fonte universal da música, assim, criou uma série de nove obras estabelecendo paralelos entre o compositor do século XVIII e a música brasileira, que são denominadas “Bachianas Brasileiras”.  Já os “choros” que o compositor escreveu constituem suas obras mais atrevidas e geniais – datam dos anos 1920 –, já que exploram várias formações vocais e instrumentais.

Dentre suas músicas, as que todos devem ouvir ao menos uma vez para sentir seu estilo, são:
- Dança do Índio Branco;
- O Trenzinho do Caipira (Toccata da Bachiana Brasileira número 2);
- Ária (Cantilena), da Bachiana Brasileira número 5;
- Choro número 5 (“Alma Brasileira“);
- A Valsa da Dor (compôs quando da morte de sua mãe).


Cronologia:
1887 à nasce no Rio de Janeiro
1922 à participa da Semana de Arte Moderna
1930 à elabora um plano de educação musical. Diz-se que ele acreditava que os problemas do Brasil poderiam ser resolvidos se todos conhecessem a música
1932 à nomeado por Vargas supervisor da educação musical
1933 à passa a compor para fins didáticos
1945 à cria a Academia Brasileira de Música e é seu primeiro presidente
1948 à descobre o câncer de próstata
1959 à rege seu último concerto em Nova Iorque em 12 de julho. Morre em novembro.






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