Sempre com seus charutos, Heitor
Villa-Lobos, que viveu 72 anos, é considerado um dos compositores mais
importantes do Brasil, principalmente por seu caráter inovador, vanguardista.
Ele teve a coragem de criar uma música clássica genuinamente brasileira e de
passar para a partitura músicas populares e folclóricas do Brasil. Fez isso em
uma época em que só os grandes clássicos eram bem aceitos pela elite/frequentadores
dos concertos (a esses Villa-Lobos chamava de "público", diferenciando-os do "povo" e ainda da "massa", como se pode ver no filme “Villa-Lobos – Uma Vida de
Paixão”, do diretor Zelito Viana).
“Ele não se media pela régua europeia,
como faziam desde o século XIX os compositores das Américas”, escreveu Roberto
Minczuk sobre Heitor Villa-Lobos, na coleção Grandes Compositores da Música
Clássica, da Abril editoras.
Há dois episódios da vida de Villa
que são bem interessantes. O primeiro é sobre a lenda de que ele “viajou pela
Amazônia, navegou pelo rio Amazonas, naufragou, foi feito prisioneiro pelos
índios, que só o soltaram depois que ele lhes mostrou algumas gravações de suas
músicas”. Trata-se puramente de lenda segundo Minczuk. Mas o
magnífico é que, desta aventura, mesmo que onírica, resultou a sensacional
música “A dança do índio branco”.
O outro episódio é sobre sua
participação na Semana de Arte Moderna. Nas três vezes em que subiu ao palco na
Semana, Villa-Lobos vestia black-tie, sapato social em um dos pés e chinelo no
outro. Usava, ainda, um guarda-chuva, que lhe servia de bengala. O público
interpretou seu modo de estar vestido como uma atitude de desrespeito,
vaiando-o impiedosamente. Entretanto, mais tarde o compositor explicou que estava
de chinelo em um dos pés simplesmente por estar com feridas nele, sendo
necessário, devido a isso, o uso de um calçado aberto.
Villa-Lobos fez um projeto de
educação musical, um sonho seu, que foi realizado durante o Estado-Novo de
Getúlio Vargas. O ápice desse projeto foi a reunião de um coral com 40 mil
vozes em um estádio de futebol do Rio de Janeiro. Além disso, enquanto ocupou o
cargo de diretor do Serviço Técnico e Administrativo de Música e Canto
Orfeônico, a partir de 1932, formou muitos professores de canto, para que esses
despertassem nas crianças o gosto pela boa música.
Entre suas músicas mais famosas
estão as “Bachianas” e os “Choros”. Villa considerava Johann Sebastian Bach
como a fonte universal da música, assim, criou uma série de nove obras
estabelecendo paralelos entre o compositor do século XVIII e a música
brasileira, que são denominadas “Bachianas Brasileiras”. Já os “choros” que o compositor escreveu
constituem suas obras mais atrevidas e geniais – datam dos anos 1920 –, já que
exploram várias formações vocais e instrumentais.
Dentre suas músicas, as que todos
devem ouvir ao menos uma vez para sentir seu estilo, são:
- Dança do Índio Branco;
- O Trenzinho do Caipira (Toccata da
Bachiana Brasileira número 2);
- Ária (Cantilena), da Bachiana
Brasileira número 5;
- Choro número 5 (“Alma
Brasileira“);
- A Valsa da Dor (compôs quando da
morte de sua mãe).
Cronologia:
1887 à nasce no Rio de
Janeiro
1922 à participa da
Semana de Arte Moderna
1930 à elabora um
plano de educação musical. Diz-se que ele acreditava que os problemas do Brasil
poderiam ser resolvidos se todos conhecessem a música
1932 à nomeado por
Vargas supervisor da educação musical
1933 à passa a compor
para fins didáticos
1945 à cria a Academia
Brasileira de Música e é seu primeiro presidente
1948 à descobre o
câncer de próstata
1959 à rege seu último
concerto em Nova Iorque em 12 de julho. Morre em novembro.
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